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Poemas & Poesias


O macaco e as Galinhas

Enviado por Marcos Falcon em 2/9/2011 5:52:58 PM

O ano 1954

Vila Campanella, Itaquera, São Paulo.

 

Nossa casa, de quintal grande e cercada de árvores, tinha como endereço a Avenida do Contorno, cujo número não me vem à lembrança.

 

Dona Nair minha mãe criava galinhas em um galinheiro mugiu bem feito e protegido contra os possíveis predadores, que fora construído pelas mãos hábeis de meu pai seu Antonio Falcon, carpinteiro de profissão.

 

Tínhamos galinhas carijós, amarelas, pretas, índias de pescoço pelado, enfim todos os tipos das chamadas caipiras.

 

O orgulho de minha mãe era a qualidade dos ovos, grandes e de gemas de cor forte entre o laranja e o vermelho. Este tipo de ovo era conseguido com base na rica alimentação, a base de milho, frutas, capim e um toque pessoal de amor que minha mãe tinha por sua criação.

 

Tudo teve início quando ao recolher os ovos, dona Nair notou algumas cascas cujo conteúdo havia sido comido. Ficou preocupada, pois a princípio deduziu que havia alguma galinha com o mau hábito de comer os ovos de outras, isto era comum de ocorrer neste tipo de criação.

Quem seria esta galinha canibal.

Após vários ias de campana ela passou a acreditar que a bandida era uma galinha índia preta de pescoço pelado pela qual ela já não tinha muita admiração, pois a mesma sempre batia nas demais na hora da comida.

Coitada da índia que teve seu bico queimado para não mais quebrar os ovos e perdeu a liberdade, sendo trancada num fechado a parte.

Dia seguinte o grande susto, vários ovos quebrados e chupados, foi quando então meu pai foi escalado para tomar conta do galinheiro durante a noite. Agora ele não era mais carpinteiro e sim galo noturno.

 

No meio de um cochilo seu Antonio foi acordado pela gritaria das galinhas, ascendeu uma vela e levou um grande susto. Deparou-se com os olhos esbugalhados de um macaco prego, que bateu em retirada esgueirando-se por entre as árvores do quintal.

 

Ao amanhecer o assunto foi notícia na Vila Campanela, por fim descobriram o ladrão de ovos, era o Chico, o macaco do Senhor Celso, filho da dona Antonieta.

 

Dona Nair não teve dúvidas e foi cobrar satisfação do Seu Celso e apresentar a ele o valor do prejuízo com os ovos.

A resposta que ela teve não foi a esperada, pois seu Celso falou que não prenderia o maçado e muito menos pagaria pelos ovos, e que minha mãe deveria proteger melhor seu galinheiro.

 

Meu pai era é filho de espanhóis, mas lá em casa quem tinha sangue quente era minha mãe, que não teve dúvidas.

Alem de ovo macaco gosta de bananas, deduziu ela. Foi até a quitanda o japonês Mário e comprou algumas bananas nanicas das pintadinhas.

As bananas foram devidamente recheadas com formicida, daquela de matar formiga saúva.

O saboroso banquete foi colocado sobre o telhado que cobria o poleiro das galinhas. Agora era só esperar que o macaco apareceria morto em algum lugar, e os ovos não seriam mais roubados.

No dia seguinte minha mãe foi verificar se as bananas haviam desaparecido e recolher os ovos.

Deparou-se com todas as galinhas e até o galo mortos no galinheiro. O Chico ao perceber que as bananas estavam envenenadas atirou-as para as galinhas.

 

Minha mãe não poderia queixar-se para o seu Celso e teve que sofrer em silêncio a sua dolorosa perda.

Para minimizar sua raiva sempre falava; Eu fiquei sem as galinhas mais aquele macaco fedorento ficou sem os ovos.

 

Marcos Falcon

 

 

Email do autor:marcosfalcon@uol.com.br

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